INTRODUÇÃO
Discute-se
nos dias de hoje a respeito do meio ambiente, do futuro do planeta,
do suprimento de recursos naturais, da extinção das espécies, e,
neste contexto surge então uma palavra em diálogo com o mundo
contemporãneo: sustentabilidade. Este termo está ligado em outro
deveras polêmico, que é ecologia. Mas qual é a relação destes
termos com o ser humano, com Deus e seu universo criado, sobretudo no
âmbito planetário terrestre?
Ora,
no momento da Criação, conforme a crença judaico-cristã, quando
Deus formou o homem (ser humano), ele o fez conforme a sua imagem e
semelhança. “Deus disse: 'Façamos os seres humanos à nossa
imagem, de forma que reflitam a nossa natureza'”.
(Gênesis 1. 26). Além do nos fazer semelhantes à Ele, ele ainda
nos deu uma responsabilidade sobre tudo aquilo de maravilhoso que ele
havia criado para desfrutarmos aqui na terra. “'Para que sejam
responsáveis pelos peixes do mar, pelos pássaros do ar, pelo gado,
e, é claro, por todo animal que se move na terra'”.(Gênesis
1.26)
Mas,
até onde se estende esta responsabilidade dada por Deus? Até que
ponto podemos ser semelhantes a Deus até mesmo no fator chamado
criatividade? Quais os privilégios desta condição que o Pai
Celeste nos destes, e como isto pode influenciar o mundo, e colaborar
no plano de salvação divino em Jesus? Pode esta responsabilidade
estendida, se comparada as leituras mais ortodoxas, ser incluída no
conceito de Missão Integral
apresentado por Padilla?
Certamente
que nossa interação ou intervenção com o meio ambiente pode
causar mudanças deveras significativas; e, como essas mudanças, se
realizadas ou não, determinam e moldam o nosso meio ambiente, tanto
no campo como nas cidades, sejam elas frias ou quentes, ricas ou
carentes, na praia, nas planícies, nos desertos ou nos montes, ou
seja, em todo ambiente criado para vivermos.
E
como também o meio ambiente em interação com o ser humano, tanto
para o bem como para o mal, pode influenciar os fatos sociais que,
sob a ótica de Émili Durkheim, estão relacionados extensivamente
com os valores e a ética da sociedade, pois exerce uma força
social que muitas vezes se sobrepõe as vontades e aos valores
subjetivos dos indivíduos. Estes fatos sociais estão sempre em
mudança, muitas vezes afetadas a medida em que se muda a coesão
social
de determinada localidade, comunidade ou grupo.
Diante
destas questões supracitadas nos parágrafos anteriores, a procura
pelo bem-estar no meio em que vivemos, sem nos esquecer de uma
introdutória abordagem ao fator salvação integral e qualidade de
vida em Cristo,
dentro de uma perspectiva teo-ecológica será o tema deste
trabalho. Pois, por muitas vezes, o ensino teológico evangélico
contemporâneo brasileiro- na provável maioria de nossas igrejas-
enfatiza tanto as questões chamadas escatológicas de uma era
vindoura que permite-se deixar de lado as questões sociais e
ecológicas que permeiam a nossa vivência diária hoje. Enquanto
isto, existem também estes que enfatizam o mundo aqui e agora, com
suas teologias voltadas a prosperidade material que também deixam
de lado algumas destas questões socio-ecológicas. Questões estas
que tanto afetam nossa vida, nossa saúde, nosso bem-estar, nossa
convivência com os seres e a nossa relação com recursos naturais
que são tão importantes. E, que podem nos fazer muita falta em
nossa existência como parte deste complexo sistema de vida. Exemplos
seriam: a água doce, o ar puro, a umidade do ar, as áreas verdes, a
fauna e a flora entre outras que podem não ser tão claramente
necessárias à existência dos seres vivos, mas, ainda assim, tão
importantes quanto.
Diante destas, procuramos através do diálogo entre dimensões de
alguns saberes, encontrar novas respostas para estes novos problemas
socioambientais nos quais a natureza é explorada demasiadamente para
satisfazer os anseios de um mundo consumista onde alguns dos efeitos
colaterais são- a sempre presente neste mundo corrompido pelo
pecado- pessoas em condição de pobreza. E, que têm pouquissímos
recursos para viver mínima e dignamente neste lugar e nesta
contemporaneidade, a luz destes textos bíblicos que indicam as
formas em que Deus se relaciona com o mundo criado, como também
através da perspectiva de pensadores das mais diversas épocas e
crenças.
1.
A QUESTÃO ECOLÓGICA
A
questão ecológica perpassa por uma grande luta em que pessoas,
conforme assiste-se em noticiários eventualmente nesta útima
década- pós-virada do milênio-, se arriscam para lutar pela causa
dos animais em extinção, pela proteção das florestas e mares, por
um mundo mais sustentável e por todas as dimensões sociais que
influencia. Assim também como todas as dimensões psicológicas do
indivíduo inserido nestas sociedades de modo a influenciar todo o
sistema.
Sim,
se trata de buscar novos parâmetros sociais de modo a valorizar o
sistema social, não apenas dos humanos, mas de todos os seres,
sistema este que, se valorizado, sabe-se, pode trazer imensos
benefícios ao ser humano.
O
fato do ser humano estar preocupado ou não com esta abordagem
ecológica é uma das diretrizes que norteiam a vida de muitos
indivíduos que, curiosamente, acabam por arriscar e perder seuas
próprias vidas, mesmo que suas maiores bandeiras sejam a preservação
da vida.
Talvez
seja tempo de o pensamento teológico mundial trazer à tona
reflexões cada vez mais profundas sob esta ótica da questão
ecológica a partir da situação em que vivemos hoje.
1.1
Como está o mundo criado?
Sabe-se
há muito tempo que o ser humano, vem, através da retirada de
abusiva de recursos naturais, e também, através da caça e pesca
predatória industrial
vem prejudicando o meio ambiente causando extinção de alguns destes
e desequilibrando o sistema ambiental com impactos globais. Vejamos
este segmento de extrato jornalístico:
Uma
lista elaborada pela Sociedade de Zoologia de Londres (SZL),
divulgada nesta terça-feira, apontou as 100 espécies de animais,
plantas e fungos mais ameaçadas de extinção no mundo. Cinco são
brasileiras: um macaco, duas borboletas, um preá e uma ave.”Todas
as espécies listadas são únicas e insubstituíveis. Se
desaparecerem, nenhum dinheiro no mundo poderá trazê-las de volta",
disse uma das autoras do estudo, Ellen Butcher.
De
fato, este tipo de notícia tem assombrado desde antes do século
passado, sobretudo aqueles que se preocupam com tais dados. Pouco se
fez desde então, para mudar esta realidade, pelo menos em esfera
governamental e também teológica brasileiro, que fosse efetivo o
bastante para mudar, ou que ainda idealisticamente, projetar uma nova
realidade.
Muito
embora, é sabido que muitos ativistas ambientais,
sejam membros de Igreja ou não, têm arriscado suas vidas,
e até perdendo-as quando ousam denunciar mais de perto estes abusos,
como desmatamento de nossas áreas de preservação, ocorridos em-
hoje não tão vastas- florestas brasileiras. Além disso, temos as
nossas árvores cortadas, também de maneira além de apenas
predatória, pode-se dizer: abusiva, (como se usando um
grau maior para a forma deste abuso), prejudicando o ar que
respiramos, o ciclo das águas e das chuvas entre outros impactos
nada positivos em nosso meio ambiente global.
Nas
cidades, além do número excessivo de carros, temos também poucas
políticas públicas, especialmente no Brasil, que procurem arborizar
bairros períféricos onde vivem pessoas de classe financeira mais
carentes o que causam diversos problemas como: a diminuição de
pássaros e do metabolismo de renovação do ar oxigênio, flores,
sombra para aqueles que não possuem transporte automotor e andam a
pé para ir e voltar da escola- por exemplo- como também maior
aquecimento do asfalto colaborando para um ar mais seco, onde sabe-se
é ruim para toda população e pior entre os alérgicos. A poluição
está em niveis alarmantes. A qualidade de vida, ou o “Bem viver”,
que segundo o teólogo católico Afonso Murad,
Estilo
de vida este que está comprometido por um sistema econômico que
favorece o consumo e a aquisição de bens materiais e que ao mesmo
tempo favorecem o aumento da desigualdade social onde está dinâmica
não é privilégio de todos. Não deveria ser o oposto? Se o sistema
capitalista favorece a aquisição de bens, por que poucos na América
Latina, e, outras localidades oprimidas e capitalistas no mundo não
têm esse acesso? O problema não está no sistema capitalista, mas
sim na obediência excessiva das pessoas a este sistema que tem
efeitos colaterais. Efeitos, estes, que podem ser amenizados, e até
eliminados se neste sistema houver mais amor ao próximo e ao mundo
criado como um todo. Elementos básicos para a manutenção da vida
humana como moradia e alimentação para todos são comprometidos em
diversas localidades do planeta por causa deste desamor.
Algumas localidades, muito embora com grande número de
cristãos evangélicos e católicos, ainda estão em dificuldades
espirituais, éticas, econômicas entre outras. Um grande número de
instituições cristãs não cuida de padrões éticos bíblicos
porque vivem em uma bolha institucional em que o maior interesse, ao
que parece, é acudir a demanda mercadológica cristã, em detrimento
a uma ética que dialogue e resolva estes problemas que oprimem os
menos favorecidos economicamente.
Sendo assim, O sal da terra
está sem sabor? (Mateus 5.13)
Diante
deste quadro, como podem os membros de igrejas cristãs também
oprimidos economicamente, pensar em soluções para cuidado do mundo
criado quando suas demandas de sobrevivência estão tão difíceis
de suportar? Em face a estas dificuldades discute-se pouco a respeito
destes fatores que muitas vezes são deixados para segundo plano.
Deste modo, pondera em seu pensamento o teólogo alemão da esperança
Jurgen Moltmann:
Tudo
leva a crer que o clima da terra tem se alterado drasticamente como
consequência da ação humana. As calotas polares começam a
derreter, o nível do mar sobe, ilhas desaparecem, aumentam os
períodos de seca, crescem também os desertos etc. Nós tomamos
conhecimento disso tudo, mas não fazemos o que sabemos que devemos
saber. A maioria das pessoas fecham os olhos ou se torna como
paralisada. De fato, nada promove mais as catástrofes do que o
paralisante “nada fazer”.
Moltmann
traz à tona esta situação em que se encontra o planeta,
desamparado pelo olhar de cuidado de grande parte da população
mundial. Portanto, busca-se, em concordância com a teologia da
esperança de Moltmann como modo de encontrar atitudes refletidas que
estejam em harmonia com o espírito cristão de cuidado com seu
próximo, como forma de luta contra a opressão para que esta luta se
estenda também ao âmbito da Planetário da Terra, sua fauna e flora
e de todo microcosmo onde se há vida. Assim, entende-se, com base na
ótica e na ética bíblica do relato em Gênesis 1, que a
humanidade toda será beneficiada destas atitudes de cuidado.
1.2
O Mundo Criado e o pensamento de Francis Bacon?
Edgar
Morin explica que há toda uma relação de fatores já que tudo, no
mundo criado, está interligado de algum modo.
Morin chama este estado de 'condição planetária'.
Destacam-se,
neste trabalho alguns fatores registrados na História, sobretudo a
do mundo ocidental cristão- e que indubitavelmente segundo esta
especial cosmovisão- que provavelmente influenciaram o pensamento
das gerações que podem ter ajudado nesta formação da ética
capitalista e consumista que rege a maior parte deste atual mundo
globalizado, e que desta forma, direciona a extração de
matéria-prima para atender a demanda deste sistema voraz.
Francis
Bacon (1561- 1626), um pensador com uma influência destacável em
todo mundo contemporâneo a quebra paradigma medieval em direção a
Modernidade, fora chamado de inventor do método experimental,
fundador da ciência moderna e do empirismo, e, elogiado por Diderot
(1713-1784) viveu como político e pensador na Inglaterra do século
XVI e XVII, com algumas obras clássicas que serviram também como
fonte para o pensamento moderno se desenvolver. De fato, sua fala no
final da obra Novum Organum ele cita Gênesis 1 e defende seu
método empírico sujeitando a natureza a ser investigada pelo seu
método cientifico.
Deste modo, Bacon explica seu método de investigação da
natureza:” As outras devem ser recolhidas, quando se chegar à
formação da tábua de citação, estabelecidas pelo intérprete
através da investigação da natureza em particular […].”
De
modo que Bacon continua sua linha de pensamento onde o empirismo seja
a única forma do Homem (humano) colocar as mãos em suas próprias
fortunas que está na Natureza, afirmando assim:
Agora
é necessário passar, por ordem, aos adminículos, e as retificações
da indução e depois ao concreto [...] […] Só então poderemos
dizer ter colocado as mãos dos homens, como justo e fiel tutor, as
suas próprias fortunas, estando o intelecto emancipado, e por assim
dizer, liberto da minoridade: daí como necessária, segue-se a
reforma do estado da humanidade, bem como a aplicação do poder
sobre a natureza.
O
homem, lido por Bacon, tem o conceito de mordomia modificado, onde
este não é apenas a “coroa da criação” de maneira que este
deve cuidar do mundo criado. Mas, também e ideologicamente acima
deste cuidado, é aquele que explora a criação que está sob seu
tutorial dado pelo próprio Deus.
Esta é, aparentemente, uma permissão filosófica para a
exploração da natureza para constituição de fortunas que ganha
mais força após o parágrafo conclusão de seu texto fazer a
seguinte afirmação
Pelo
pecado o homem perdeu a inocência e o domínio das criaturas. Ambas
as perdas podem ser reparadas, mesmo que em parte, ainda nesta vida;
a primeira com a religião e com a fé, a segunda com as artes e a
com as ciências. Pois a maldição divina não tornou a criatura
irreparavelmente rebelde; mas em virtude daquele diploma: “Comerás
do pão do suor de tua fronte” por meio de diversos trabalhos
(certamente não pelas disputas ou pelas ociosas cerimônias
mágicas), chega, enfim, ao homem, de alguma parte, o pão que é
destinado aos usos da vida humana.
Assim,
Bacon, muito provavelmente, não prevendo as consequências futuras
destas afirmações, e que realmente, no contexto de sua época,
talvez não fosse uma afirmação maligna, mas que trouxera naquele
momento e posteriormente uma série de benefícios a humanidade, que
neste nosso novo contexto deve ser relida e novamente refletida.
O
que aconteceu, na verdade, com esta contribuição de Bacon e outras
descobertas que deram inicio ao paradigma do mundo moderno fora a
influência econômica do mercado e sua capacidade produtiva.
Produção não mais artesanal como outrora, mas, agora na
modernidade, produção que está sob influência industrial da linha
de montagem inserida no contexto da Revolução Industrial. Marcos
Azevedo citando o Afonso Garcia Rubio expressa esta ideia:
O
método e o conhecimento experimental medeiam o aparecimento de uma
nova visão do mundo e do homem. O mundo não é mais para ser
contemplado e imitado (mundo antigo e medieval, mas para ser
enfrentado e dominado pelo homem. [...][...] O homem desprende-se do
mundo e destaca-se nitidamente dele. E com racionalidade o enfrenta,
domina e transforma em proveito próprio.
Segundo
Jung Mo Sung, “O mercado deixou de ser um lugar em troca de
excedentes para ser tornar o fim de toda produção e um articulador
da nova organização social”.Desta
forma, há uma mudança sociopolítico religiosa. A economia de
mercado faz com que não mais a riqueza acompanhe os poderosos, mas
que o poder acompanhe a riqueza, trazendo, sobre este novo paradigma,
um mercado agora deificado, nascendo essa chamada idolatria de
mercado.
Então,
lógica que permeava os valores da reforma protestante, que, de certo
modo estava alinhada com o espírito da modernidade
em que o 'paradigma do sujeito'
tenha contribuído para que pessoas, dentro desta lógica tenha se
perdido da mensagem do evangelho, que enfatiza a comunhão entre os
seres. E, isso contribuiu para o desenvolvimento da tecnologia em
proveito da exploração e industrialização destes recursos
naturais com obediência ao mercado, agora, de acordo com este
liberalismo econômico, é “quem” dita as regras. O mercado pode
ser “ouvido” e decisões podem ser tomadas a partir deste
“ouvir”. Mas, se esta “entidade espiritual” chamada mercado
for “obedecida de forma acrítica” pela maioria da sociedade,
podemos ver o que está acontecendo com o mundo criado sendo oprimido
por esta lógica mercadológica excessivamente exploratória. Assim,
diante da perspectiva teológica busca-se, assim como Jesus ensinara
e realizara, subverter esta ordem de acordo com as necessidades em
proveito da Vida.
1.3
Sob a luz da criação em Gênesis
Zabatiero
dialoga sobre a necessidade de se conhecer o mundo criado em que
vivemos e de se refletir teologicamente sobre o mesmo. Afirma,
baseando-se em Salmos 19; Rm 1.18, que o universo desempenha função
de manifestação e revelação de Deus. Mundo este que tem um
propósito estabelecido por Deus, propósito este que é fundamental
para podermos praticar a vontade de Deus (Efésios 1.3-14).
Ora,
se Deus criou as árvores e a vegetação, e de forma deveras
criativa as posicionou em nosso meio ambiente, é porque isto é bom
e naturalmente necessário para nosso bem viver. (Gênesis 1.1-7)
Sendo assim, quando o homem as elimina de forma demasiada do
ambiente, por motivos que consideramos no tópico anterior, isto
sempre causa um desequilibrio no meio: tanto no ar que respiramos, no
clima, na vida dos animais e até no no fator de bem estar humano em
consonância com o ecossistema.
A
criação é descrita como um processo harmônico, ordenado e
dirigido pelo próprio Deus, que é o único Deus existente. Isto se
contrasta com textos mesopotâmicos, por exemplo, que falava da
criação como resultado de uma luta entre deuses, como fruto do
caos, desordem inicial produzido por esta luta entre deuses, e que
poderia, a qualquer momento, ocorrer novamente se os deuses não
fossem devidamente servidos.
Zabatiero
assim descreve de forma concisa o relato da criação diferenciando
as nuances teológicas que divergem dos mitos da mesopotâmia e de
outros deuses, principalmente nas ênfases divinas sobre o que é bom
dentre todo o mundo criado.
O
relato de Gênesis 1, em especial, tanto por sua forma poética e
ordenada (com a sequência de dias e refrão ao final de cada dia,
progredindo em complexidade até a criação da humanidade e a
satisfação e a benção do descanso), quando através de seu
conteúdo, fala da criação como expressão da amorosa ordem e
harmonia da ação de um Deus que se deleita naquilo que cria (repare
no refrão” E viu Deus que isso era bom “, repetido ao final de
cada dia da criação) […] […] O texto de Gênesis conta que
somente a Palavra de Deus foi o instrumento e a matéria usada por
Deus para criar tudo o que existe. (em Hebreus 11:03, usa-se a
linguagem semelhante, que deu origem ao termo teológico latino
creatio ex nihilo,
que significa, criação
a apartir do nada- ou seja, ao criar a própria matéria é criada
pois nada além de Deus existia antes da criação. Neste sentido, a
criação toda é “espiritual”, pois sua matéria é a própria
Palavra de Deus.
Assim,
Zabatiero expressa de modo especial a maneira em que Deus cuida de
toda criação debaixo de suas asas “espirituais”. Este modo é
relatado de forma que percebe-se o zê-lo de Deus em cada passo a
passo deste momento cósmico de criação. E Deus se deleita nela,
conforme o relato em Gênesis 1.
Também
podemos perceber a importância espiritual que toda criação recebe
de Deus nesta reflexão do Papa Francisco
Os
relatos da criação no livro de Gênesis contêm, em sua linguagem
simbólica e narrativa, ensinamentos profundos sobre a existência
humana e sua realidade histórica. Essas narrativas sugerem que a
existência humana se baseia em três relações fundamentais
estreitamente conectadas: a relação com Deus, com o próximo e com
a Terra. […] Nelas já está contida uma convicção atual: que
tudo está relacionado e que o autentico cuidado com a nossa própria
vida e com nossas relações com a natureza é inseparável da
fraternidade, da justiça e da fidelidade com os outros.
O
Papa Francisco também concorda com Zabatiero quando a questão é
comunhão ecológica entre todos os seres criados e Deus, tanto que
seus ideais de fraternidade incluem este mundo criado como sendo
nosso 'irmão' que precisa de cuidado especial. Assim,
também percebemos, pela via do pensamento do Papa Francisco, como
deveras importante é entendermos de forma espiritual o significado
de todo mundo criado por Deus e entendermos a relação de cuidado
com este.
Zabatiero
assim traz uma perspectiva mais ampla no sentido de criação.
Sabedoria está junto ao bojo de realidades que Deus criou como forma
da dar toda completude a seu ato criativo.
Poderíamos
dizer que o universo é um grande poema de Deus, presente de Deus que
não tinha necessidade de criar o mundo, mas, por amor, o criou. No
livro de provérbios fala-se da sabedoria
com
agente divino da criação (8.22-36), com uma linguagem simbólica
bastante exaltada que coloca sabedoria no mesmo nível da Palavra de
Deus. A sabedoria, no AT destaca principalmente a harmonia do mundo
criado e a importância de justiça nas relações entre as obras da
criação, a fim de que haja vida para todos.
Neste
relato da Nova Versão Internacional (Bíblia NVI), as palavras estão
descritas desta maneira em Gênesis 1: 28-30:
Deus
os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se!
Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as
aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra".
Disse Deus: "Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em
toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos
com sementes. Elas servirão de alimento para vocês. E dou todos os
vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a
todos os grandes animais da terra, a todas as aves do céu e a todas
as criaturas que se movem rente ao chão". E assim foi.
O
sentido em que as Escrituras tratam a relação do homem com o mundo
criado é de cuidado e mordomia. Deus havia dado todo ambiente
natural para o homem, de forma que este poderia dar nomes aos
animais, e se alimentar de tudo que a Terra produzia. Nesta lógica,
tudo que fosse usado pelo homem para servir de alimento não era
considerado exploração da terra e da natureza. Esta lógica foi
prejudicada quando houve a chamada” queda” do homem, de modo que
estes foram expulsos do Paraíso e tiveram que viver a partir do suor
do rosto, em outras palavras, do próprio trabalho.
A terra se tornara corrupta e até mesmo as relações com a produção
de alimento começaram a responder a lógica do mercado, que, em
contrapartida, aumentava a pobreza dos menos favorecidos
economicamente. A natureza passa a ser explorada para enriquecimento
de poucos, em desfavorecimento de muitos.
O
enriquecimento em si não é o real problema- a não ser que remeta a
pessoa a abandonar os reais preceitos do Reino de Deus em nome deste
enriquecimento - mas sim a exploração dos pobres para que tal
enriquecimento se concretize.
Porém,
veremos em tópicos seguintes que Deus, em sua revelação especial
nas Escrituras, ainda no AT, de modo muito sábio, encontra maneiras
de melhorar esta relação e atender os pobres. Sabedoria esta que
deve nos ajudar em nossas relações com este sensacional mundo
criado.
1.4.
Espírito Santo como Sustentador da comunhão ecológica.
O
Espírito Santo de Deus nos sustenta de maneira poderosa e ordena o
mundo natural. Todas as relações entre os seres vivos estão
entrelaçadas por suas interrelações e, ainda mais, pelo poder
ordenador da Santo Espírito.
Pois
Jesus se fizera como um de nós, se desfazendo de sua suprema
dignidade, para se revelar e oferecer unidade e comunhão com o Deus
Trino e Uno por meio de sua obra salvífica.
O
Espírito deste modo traz também a Sua condução neste processo de
unidade e comunhão divinas tanto vertical quanto horizontalmente,
assim como para continuar a sua obra missionária salvífica a partir
da redenção divina.
O
Espírito, por meio de Jesus, passa habitar na mulher e no homem e o
ilumina de fora a orientá-lo para uma nova vida. O Espírito Santo
é, e, além de todos os outros atributos que lhe conferem
pessoalidade, também a energia que dinamiza o coração do cristão.
Esta
nova dinâmica que encontra as raízes na atuação do Espírito leva
o indivíduo a se ligar em forma de comunhão ao Deus Trino e a toda
criação. Então, toda ordem do universo, do nascer ao pôr do sol,
das estações do ano, da forma como as abelhas multiplicam as flores
e plantas através da polinização em relação de mutualidade para
ambas existirem. Aliás, gostaria de saber quais os argumentos da
atual teoria darwinista para explicar este fenômeno no qual, em
processo de seleção natural da chamada “lei do mais forte”,
dois seres tão distintos, como uma abelha e uma flor, se encontram
num processo evolutivo aparentemente racional onde ambos se
complementam de forma mútua para coexistirem. Mas a resposta para
esta discussão buscaremos em outra pesquisa.
Voltando
ao sustendo do Espírito, sendo assim, tem papel essencial em manter
essa ordem, e o seres humanos criados por Deus, através de seu
Espírito, devem sentir de forma espiritual o “gemer” da criação,
ou, em outras palavras: o sofrimento desta criação.
É
possível que, muitos que se dizem, ou que aparentam “espirituais”,
não se sintam incomodados por fatores de destruição do mundo
criado por Deus. Não sentem pesar por animais mortos de forma brutal
por carros apressados em cumprir o horário em nossa lógica
capitalista que eventualmente nos transformam em algo semelhante a
meras peças mecânicas de uma grande máquina. Neste lugar, almejado
por muitos por fazerem parte de um sistema que, aparentemente, os
remetem para um lugar “seguro” onde o que realmente importa é a
produção da máquina, não seus efeitos colaterais.
Entre
estes animais supracitados no parágrafo anterior, os cães
abandonados e seus filhotes concebidos sem lar. E esta condição se
agrava quando se transfere esta violência automobilística e
insensibilidade espiritual ao dia a dia dos seres humanos- que também
são atropelados- sejam a pé, de bicicletas, motocicletas, e, até
em seus carros e ônibus quando estes acidentes fatais acontecem em
também nas estradas. Acidentes? Dependem da perspectiva se são ou
não, porque percebemos com facilidade, e, segundo alguns relatos
midiáticos, que os maiores motivos para estes acidentes ocorrerem
são: imprudências causadas por pessoas que superam limites de
velocidade, de certa forma, também imprudências dos que ultrapassam
em lugares proibidos pela engenharia de tráfego. Como também,
aqueles que não respeitam as distâncias seguras dos veículos à
frente. Todas estas atitudes imprudentes refletem à obediência
muitas vezes inconsciente, e também inconsequente, a lógica de
mercado visando a otimização dos lucros através da máxima
expressão deste mundo capitalista obedecida cegamente: tempo é
dinheiro.
O
Espírito Consolador que habita em nós, traz uma luz sob estes
problemas que refletem e induzem à uma atitude de inconformação
com o mundo. O Espírito consola sim, mas também incomoda com os
problemas que acontecem no mundo criado e que fora corrompido pelo
pecado de modo que inspire uma a transformação social vinda Dele. E
também, novas atitudes inspiradas pelo Espírito.
Moltmann discorre neste tema deste modo:
[…]
Esperamos que o Espírito da nova criação derrote a violência
humana e o caos do universo; mais do que isso: esperamos que a força
do tempo e da morte serão derrotadas também; finalmente, esperamos
que a eterna consolação [...]esperamos alegria eterna na dança do
companheirismo com todas as criaturas e com Deus trino.
Assim,
à luz do pensamento de Moltmann entendemos que as atitudes cristãs
e eclesiológicas devem buscar novos parâmetros de vida cristã que
inspire e surja numa consciência na qual a vida seja respeitada em
todos os âmbitos para que tornemos real o estabelecimento de mais
uma parcela do Reino de Deus, paulatinamente até nos aproximarmos o
máximo de sua plenitude.
Azevedo
enfatiza a atuação do Espírito potencializando a participação da
Igreja a partir da descida do Espírito e a proclamação da
glória
de Deus através de sua ação querigmática por meio de sua vida
pnematológica. O Espírito Santo, como pneuma,
significa a força de Deus necessária para a realização de ações
específicas de Deus. […] pois o Espírito mantém as diretrizes do
espírito ressurreto na Igreja como impulso para o universalismo e o
poder que possibilita a intrepidez da comunidade.
Portanto,
a Igreja tem possibilidade subverter esta desordem e ordená-las
ouvindo a voz sempre presente do Espírito. Fazendo assim o seu papel
querigmático e, a partir do Espírito Santo serem capacitados e
cumpridores da Missão.
2.
A QUESTÃO DO PROGRESSO
A
humanidade realizou incontáveis avanços tecnológicos em todas as
épocas, desde o início da existência desta, mas, a partir do séc.
XIX, estes avanços foram se tornando um bem necessário, tão
necessário que muitos de nós simplesmente dizemos não conseguir
viver sem eles. Diz-se que não se consegue viver sem tecnologia,
mesmo quando isto se torna algo paradoxal, quando os avanços
deveriam ser indícios de um
bom progresso. Estes
nem sempre o são. Então, busca-se neste trabalho relacionar o
progresso tecnológico com o progresso na dimensão das humanidades
sociais e ambientais e refletir sobre o significado do termo que pode
ter uma amplitude mais abrangente do que esta referida apenas ao
âmbito das tecnologias.
2.1
O Progresso tecnológico
Apesar
do termo progresso segundo definição do dicionário seria”
Ação ou resultado de progredir” e “Movimento pra frente;
avanço”.
Diante destes conceitos nos dicionários, junto aos nossos
pressupostos, percebe-se um destaque de como se todo movimento para
frente, em avanço fosse algo extremamente benéfico, mas ao
analisarmos esse termo criticamente e entendermos as consequências
deste tipo de mentalidade progressista, podemos realmente afirmar que
todo movimento de avanço sem considerar seus efeitos colaterais são
benéficos?
Claro
que o termo progresso não se limita apenas a avanços tecnológicos,
pois temos outras dimensões de progresso, como por exemplo, o
progresso social ou o progresso de uma lavoura por exemplo. Porém,
no âmbito das tecnologias é onde se percebe o quanto o mercado e o
consumismo acabam por supervalorizar essa ideia de progresso.
Supervalorização esta que pode trazer efeitos que devem ser
analisados criticamente. Em outras palavras, pode-se entender o
conceito de progresso de uma forma mais ampla para trazer-nos uma
nova interpretação deste termo?
Alguns
entendem o progresso como sendo uma atitude não conservadora,
simplesmente. Outros, talvez, entendem o progresso como sendo uma
força que impulsiona as pessoas e as dadas situações a se moverem
sempre sem a dinâmica da estagnação de qualquer modo.
O
dicionário Michaelis traz, além das definições supracitadas,
estas definições do que é progresso: “Avanço de um processo”.
Nesta definição verifica-se que o avanço não está delimitado
pela ética que defina quais os meios usados para conseguir este
avanço. Trata-se apenas de avançar nos processos sem que aja
reflexão de seus possíveis efeitos colaterais.
Mas,
encontramos na própria definição de progresso no dicionário
Michaellis que diz: “desenvolvimento considerável na tecnologia e
em outras áreas que representem melhor qualidade de vida”.
Portanto, o progresso deve de certa forma estar alinhado com novas
tecnologias e com o bem estar social de forma a melhorar a vida das
pessoas de forma a viverem bem e com saúde.
Mas,
neste atual movimento chamado progresso há alguma espécie de real
crítica sobre como este progresso está sendo feito? Ou a que fim
este progresso levará determinada situação? Será que algumas
atitudes vistas como conservadores, podem serem vistas como progresso
também?
Pode
ser possível que o progresso esteja em harmonia com o mundo criado
por Deus de forma a valorizar a vida?
A partir destas perspectivas, aqui analisaremos estas questões de
forma breve.
2.2
Consequências do progresso
Moltmann
traz à tona um problema que atualmente neste séc. XXI tem sido
deveras debatido ao redor do mundo e entre os países chamados os
mais ricos e desenvolvidos. Ricos sim. Desenvolvidos? Depende da
perspectiva. Pois, pode-se analisar este desenvolvimento na ótica da
industrialização, ou da ótica do bem-estar da natureza e teremos
diferentes pesos e medidas para definir este chamado desenvolvimento.
Um problema que tem seus entornos nas questões ambientais e de
desequilíbrio no clima e na vida do mundo criado. Porém, quando
estas questões de certo modo confrontam os interesses econômicos,
já não há consenso e, nem tampouco se tem notícia de boa vontade
por parte de muitos destes líderes globais em resolver tais
questões, sendo isto chamado de “paralisia"- denunciada por
Moltmann- onde se deixa o catastrófico como está, e, que atinge
níveis alarmantes e pode crescer ainda mais. Esta relação teve um
impulso significativo na chamada era da Modernidade, e, nestes novos
tempos de “modernidade líquida”, esta concepção tem se
adequado aos anseios de mercado, como assim é novamente refletido
nos escritos de Moltmann:
Porque
tanto a relação da Modernidade com a Natureza quanto a sua
concepção de ser humano são determinados pela teologia. Isto se
revelou no princípio do domínio do ser humano, criado assemelhados
a Deus e, por fim, o conceito mecanicista da Terra e dos demais seres
vivos. Os quais deveriam ser subjugados pelo gênero humano.
Moltmann
também entende, em contraponto com Bacon, que o ser humano não deve
subjugar a natureza de forma banal, mas sim, ter uma relação de
profundo cuidado com o mundo criado por Deus pois somos partes
integrantes deste mundo.E que a teologia teve, tem e terá papel
fundamental nesta relação do homem com a modernidade e natureza.
Quando
nós resolvemos que o automóvel seria o principal modo de transporte
de muitas grandes cidades, será que analisamos com clareza as
consequências e efeitos colaterais que porventura apareceriam? Basta
uma olhada em nossa volta para percebermos que não, ou, pelo menos,
aparentemente pouca gente se importa, sobretudo em solo brasileiro,
se nossas ruas serão tomadas pelo asfalto e cimento, não deixando
sequer uma pequena faixa de terra ou gramado nas calçada. Estas, em
larguras suficientes para se privilegiar o passeio daqueles que
apreciam caminhar, e, na ausência das árvores e gramados no espaço
urbano, acaba por escassear a pequena fauna e o pouco verde que
poderia fazer parte deste, quase invisível, ecossistema nesta
comunidade.
Em
benefício da comodidade de se usar automóveis a todo momento e para
todas as locomoções, a humanidade muitas vezes acaba com a
possibilidade de vida animal e floral nativa neste solo, dando lugar
para as pragas de insetos e roedores que podem, e costumam ser, um
problema com status de saúde pública em áreas
metropolitanas e com grande concentração de humanos.
Consequentemente, neste Brasil onde as temperaturas costumam ser
altas na maior parte do ano, a combinação de asfalto, excesso de
prédios altíssimos que dificultam a circulação do vento, pouca
sombras causadas pela falta de árvores, escassez de ar puro
processados por elas, e a pouca umidade relativa do ar causam
fenômenos como: a falta de chuvas em lugares onde outrora chovia-se
razoavelmente, alergia se problemas respiratório nas pessoas,
cansaço, uma sensação de desconforto aparentemente inexplicável
que o ser humano nem mais está realmente sensível a suas
verdadeiras causas e nem tampouco se dá conta disso, à não ser que
seja conscientizado disto ou tenha um insight que lhe revele,
momento este que pode ser atuação do Espírito de Deus, que segundo
Zabatiero, é quem que sustenta e direciona toda a ordem do mundo
criado.
(Salmos 104: 29 e 30)
2.2
Benefícios
do progresso
O
progresso, visto pelo modo benéfico, se caracteriza como uma atitude
de vanguarda onde valores são imputados na sociedade de modo que
traga vida, e de certa forma tenha conexões paradigmáticas no
microcosmo social onde é produzida. Padilla faz uma leitura desta
forma progressiva de ser usando a nação antiga de Israel como
modelo, conforme esta conexão paradigmática entre Israel e o resto
do mundo onde biblicamente está inserida a vontade de Deus. Padilla
lê o Levítico 25 onde existe a ordenança do Jubileu para traçar
este claro paralelo com a atual situação do sistema econômico
mundial
Em
que pesem os anos transcorridos, os valores do Jubileu mantêm sua
vigência pelas seguintes razões, entre outras: 1. Porque o
própósito de Deus para a humanidade permanece […] Um dos
elementos deste próposito é que as relações humanas, incluindo as
que se referem à questão econômica, se baseiam no amor e na
justiça[...]Porque, no fundo, os problemas que obstruíam as
relações humanas nos tempos bíblicos então presentes também
hoje: o abuso do poder, a ambição de riquezas materiais, a
exploração dos pobres.
Para
Padilla, Deus havia criado, com o estabelecimento do Jubileu, uma lei
onde havia um sistema de proteção social muito à frente de seu
tempo, tão à frente que transcende os dias atuais. Padilla ainda
afirma que: “A preocupação de Deus com à terra, onde se encontra
referência também em Êxodo 23.10,11 e Deuteronômio 15.1,2. Em
primeiro lugar, Deus propõe que a terra descanse periodicamente, a
cada sete anos”.
Deus
expressa seu cuidado de forma sustentável à sua criação. De forma
que este descanso expressa sobremaneira a responsabilidade ecológica
não justificada por interesses econômicos, mas pelo simples cuidado
do mundo criado, ainda assim em favorecimento a toda provisão
garantida pelo Criador.
A lógica do progresso em que vivemos nos dias atuais, dominada e
limitada pela ideologia do mero crescimento capitalista ilimitado não
deixa espaço para o descanso da terra, muitas vezes, nem dos animais
e nem do povo que trabalha dentro deste sistema cada vez mais
exploratório.
Outra forma seria a expansão desta lógica em um progresso mais
atrelado a melhoria de vida em geral, o que é defendido aqui como
progresso benéfico, a qual seria que a “administração que cuida
dos que nos fora confiado”
que
é o significado original da palavra economia. A economia deve então
estar associada ao cuidado daquilo que nos é confiado trazendo
assim uma perspectiva de um progresso que sela realmente benéfico.
Benéfico para os humanos, para os animais, para a flora, para o ar
saudável, para a terra que também precisa de descanso, para a
diminuição da pobreza e das desigualdades sociais, para uma ampla
política em que haja emprego e sustento digno para todos. Países e
nações onde se exploram mão de obra barata e não têm consciência
em cuidar do planeta em nome do mercado, deveriam contemplar novos
modelos sustentáveis onde o planeta será beneficiado e as pessoas
junto com toda criação possa desfrutar, no mundo todo deste modelo
criado por Deus para seu povo de Israel que deve se estender para
toda humanidade. Todos e toda criação têm direito ao descanso do
Senhor para que suas relações econômicas sejam renovadas e sempre
refletidas conforme ordenação divina.
2.4
Anomia no Mundo Criado
Existem
certos benefícios em sermos humanamente sensíveis as 'dores' de
nosso mundo criado. Muitas vezes deixamos o progresso avançar de
maneira tão descontrolada de forma em que muitas vezes deixa de ser
verdadeiramente progresso.
Além
de muitas vezes acabarmos com a interação entre os seres que vivem
neste lugar, ainda temos que lidar com a baixa qualidade de vida; a
falta de calçadas largas o suficiente para uma boa caminhada com
carrinhos de bebês, cãezinhos abandonados que logo podem ser
atropelados em seu outrora próprio habitat natural (agora dominado
pelo asfalto), e até mesmo a criminalidade entre os jovens que
talvez aumente por motivo de anomia o de stress ambiental.
Explicando o termo stress ambiental à luz de Marx:
A
consciência acerca do ambiente sensível imediato e a a consciência
da conexão limitada[...] é, ao mesmo tempo, a consciência da
natureza, a qual a princípio se opõe aos homens como um poder
completamente estranho, todo-poderoso e inatacável, com o qual os
homens se relacionam de modo puramente animal e pelo qual os homens
se deixam amedrontar como animais; e, portanto, uma consciência
puramente animal da natureza. (Religião Natural).
Aceitando ou não este argumento integralmente, percebemos que a
ideia seguinte se apropria em partes desta reflexão de Marx onde
todos ambientes favoráveis a: vida livre, prática de esportes, as
brincadeiras de crianças e jovens, podem de certa maneira, serem
fatores benéfico a todos, pois remete as naturalidades implícitas
no cerne de cada ser. Em contrapartida, se não houver estes ambiente
favoráveis, e, se não for feito os ajustes sociais necessários,
esta condição pode causar os fatos sociais indesejáveis (pois,
claro, também existem os desejáveis!). Estes fatos sociais, se
distorcidos maléficamente, e, que contribuem para reger os valores
de determinadas sociedades, podem trazer desconforto natural à vida
das pessoas e induzir- estas mesmas crianças e jovens supracitados-
a penderem seu modo de vida e valores morais em direção a
marginalidade ou até mesmo criminalidade. Os fatos sociais em
Durkheim
são
os fenômenos que compreendem 'toda maneira de agir fixa ou não,
suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou
então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada,
apresentando existência própria, independente das manifestações
individuais que possa
ter.'(...) Fato social é algo dotado de vida própria, externo aos
membros da sociedade e que exerce sobre seus corações e
mentes uma autoridade que os
leva a agir, a pensar e a sentir de determinadas maneiras.
Muitas
vezes, a falta de ambientes naturais, somado ao descaso da população
e de governos onde não se há devida atenção a condição de
pobreza de populações que, por isso, sofrem com o descaso. Como
acontece com frequência em áreas de gueto e periferias no Brasil.
Pois o esporte, a igreja, a vida saudável em comunidade pode ser
decisivos para que um fato e uma coesão social sejam
inclusivas, mesmo entre as classes mais carentes. Em contrapartida, a
ausência de atividades esportivas em ambiente abertos: ausência da
igreja, ou daqueles que seriam “bons exemplos”, causa uma coesão
social muitas vezes maligna, em que o jovem não vê outros heróis a
não ser os criminosos mais perigosos, que lhe oferecem uma proteção
muitas vezes utópicas, explorando estes em suas atividades mercantis
criminosas. Leia-se: tráfico de drogas, assaltos, entre outras.
Assim,
será preciso fazer esta pergunta. Até que ponto estamos realmente
progredindo benéfica e historicamente no Brasil?
Seria
ao ponto de um progresso às avessas, se considerarmos as
idéias da maioria, até onde sabemos, dos ambientalistas e
sociólogos considerando apenas o âmbito brasileiro. Pois tudo que
piora a qualidade de vida do ser humano e sua felicidade, não pode
ser chamado de bom progresso. Pois progresso, diante desta
perspectiva, seria um aperfeiçoamento na vida na comunidade. Diante
da perspectiva ambiental, e até no âmbito eclesial, pode-se e
deve-se fazer muito mais, ou de outro modo estar-se-á deteriorando o
nosso progresso.
As
desigualdades sociais têm aumentado no Brasil, como apreciar um
progresso verdadeiro em um lugar onde a base da sociedade, que é a
família é explorada veementemente. Como também acontece sobretudo
com os mais pobres no Brasil, junto a classe trabalhadora, que na
prática são os que pagam mais impostos, pois as nossas maiores
tributações são sobre os bens de consumo, enquanto os mais ricos
pagam taxas bem inferiores em proporção com suas fortunas e com
suas rendas, e, que na maior parte, é adquirida vendendo seus
produtos, sobretudo, para as pessoas nas bases da população que
são os que mantém a maior parte da aquisição do Estado em
valores tributários.
Este
sistema conservador político no Brasil é deveras injusto pois deixa
pouquíssima margem de renda para as pessoas carentes prosperarem.
Este sistema não compreende que, se os mais pobres prosperarem e
subirem suas rendas, haverá mais arrecadação, e consequentemente,
uma melhoria na qualidade de vida de todos, pois parte destes
recursos podem ser reinvestidos em beneficios públicos diversos..
Esta
nova mentalidade pode trazer benefícios imagináveis e também,
inimagináveis até que se concretizem em realidade como: a
diminuição da criminalidade por motivo promoção do consumismo,
novas formas de geração de renda para famílias e pessoas mais
carentes de recursos, talvez uma diminuição na corrupção em
nossas várias esferas da sociedade, melhoria do ar, da água, dos
produtos vendidos em nossas prateleiras de mercado, a diminuição
dos problemas de saúde causados por poluição, queimadas, alimentos
com problemas maléicamente mascarados por causa da lógica de
mercado que visa o superlucro, entre outro benefícios provenientes
desta nova mentalidade de vida mais simples.
O Espírito de Deus é Aquele que junto com o Pai nos mostra que
realmente somos e nos traz à memória. E ainda que nasçamos em uma
supermetrópole capitalista, o contato com a natureza de forma mais
íntima nos remete as nossas antigas memórias ancestrais. Assim diz
a vida relatada de Jean Jacques Rousseau:
filósofo
suíço, nascido em Genebra em 1712, a civilização e a sociedade
corrompem o homem, é necessário recorrer ao sentimento, voltar à
natureza que é boa. Rousseau entende a natureza como sendo o estado
primitivo, originário da humanidade, isto é, entende a no sentido
espiritual, como espontaneidade, liberdade contra todo vínculo
anti-natural e toda escravidão artificial. Segundo ele a sociedade
impõe ao homem uma forma artificial de comportamento que o leva a
ignorar as necessidades naturais e os deveres humanos, tornando-o
vaidoso e orgulhoso. O homem primitivo entretanto, por viver de
acordo com suas necessidades mais legítimas é mais feliz. Ele é
auto-suficiente e satisfaz suas necessidades sem grandes sacrifícios
daí não sente grandes angústias, através do sentimento inato da
piedade ele evita fazer o mal desnecessariamente aos demais.
Muito
embora concordemos com Rosseau em relação a seu ensino a respeito
proximidade humana com o mundo natural pode nos remeter à
familiaridade, acreditamos, porém que este privilégio pode também
ser alcançados por sociedades civilizadas mais próximas das cidades
também, desde que valores cristãos e vida direcionada pelo Espírito
sejam o modo de vida destas pessoas.
Porém,
entendemos que nosso Deus nos ensina mais profundamente a respeito de
quem somos, pois a medida que nos aproximamos Dele, a Sua Luz
paulatinamente clareia o nosso modo de ser. Afinal, ”E
esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é
luz, e não há nele trevas nenhumas.” (1 João 1.15)
Essa luz é a verdade.
E,
ao nos mostrar que somos, no mundo criado por Ele, percebemos que nós
fazemos parte deste lugar que Deus criou e nos sentimos deveras
familiarizados. Em contrapartida aos momentos em que o mundo
excessivamente cimentado e asfaltado nos remete a um lugar, um cosmos
no qual parecemos apenas com uma engrenagem de uma grande máquina,
trazendo esta sensação de irrealismo que nos remete a anomia.
Deus,
além de mostrar o nosso lugar, enfatiza nossa familiaridade com este
lugar e nos mostra, através de Sua luz que não somos apenas uma
engrenagem à serviço desta lógica capitalista exploratória. Somos
seus co-herdeiros em Cristo, e temos algumas missões significativas
que incluem, entre outras, trazerem as pessoas aos seus devidos
lugares, que é serem protegidos sob as asas do Altíssimo.
“E,
se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de
Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos,
para que também com ele sejamos glorificados”. (Romanos 8:17)
A
QUESTÃO DA TRANSFORMAÇÃO
Os
relatos bíblicos nos evangelhos, assim como no Novo Testamento
trazem a revelação da obra maravilhosa que Jesus realizou quando
intercedeu na História, transformando-á de maneira exuberante.
Jesus além de salvar a humanidade, de curar enfermidades, eentre
muitos outros benefícios, trouxe uma transformação na sociedade,
transformação esta que fora feita de forma nítida nos tempos dos
relatos dos Evangelhos, e, que transcendeu gerações e paradigmas
até os dias atuais, e, conforme crença cristâ em sua maioria,
continuará a trazer profundas transformações nas pessoas e
sociedades.
3.1
Reino de Deus e Mundo Criado
Jesus
Cristo estabelesce o Reino de Deus
em sua primeira vinda, quando se fez carne “Mas
a respeito do Filho, diz: "O teu trono, ó Deus, subsiste para
todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu Reino”.
(Hebreus 1.08).
E
então, Jesus ensina seus discípulos que eles devem proclamar o
Reino de Deus através das curas (Lucas 9.02) , expulsão de demônios
e ensino da Palavra
O
Reino de Deus também é privilégio daqueles que são feitos
crianças, em humildade e inocência (Lucas 18.16) e daqueles que se
arrependem (Marcos 1.15). Temos também referências evangelísticas
em oposição a riqueza, que eu diria, excessiva, diferentemente da
prosperidade dada por Deus e desfrutada pelos que estão em seu
Reino.”Busquem,
pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão
acrescentadas”.(Lucas
12.31)
Quanto
à riqueza proveniente da exploração gananciosa algumas passagens
do evangelho assim testemunham: "E lhes digo ainda: é mais
fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico
entrar no Reino de Deus". (Mateus 19.24)
A
causa do mundo criado estar sendo maltratado pela ação dos humanos
encontra sua raiz principalmente na ganância dos que são ricos e
dos que querem enriquecer via exploração deste mundo, porém este
tipo de atitude está em oposição aos valores do Reino de Deus. A
oposição a ganância encontra ecos muito bem audíveis nas palavra
de Lutero e Calvino. Padilla cita o teólogo brasileiro Ricardo W.
Reith:
A
ganância assumiu um significado central no pensamento teológico de
Lutero quando, por um lado, a equiparou à incredulidade. Neste
contexto, compreendeu a incredulidade em oposição à fécomo
confiança na ajuda de Deus. Por outro lado, também identificou a
ganância com a idolatria ou o culto às riquezas, em oposição a
verdadeira adoração, ao verdadeiro culto à Deus[...] A ganância
destrói o princípio básico pelo qual deve ser definida a posição
diante das posses e do dinheiro na relação consigo mesmo e como que
os rodeiam. Esse princípio básico para investimento das posses e do
dinheiro, por sua vez, é criado pela fé e moldado pelo amorao
próximo. Em consequência, a ganância para Lutero só poderia ser
combatida a partir da fé.
Do
pensamento de Calvino, PADILLA citando W. FRED GRAHAM, mostra o
ataque do célebre reformador no exuberante púlpito da Igreja de
Saint-Pierre
Se
pudessem , os ricos reservariam o sol para eles sozinhos para dizer
que os outros não têm nada em comum com eles, se pudessem
certamente mudariam ao ordem de Deus e a natureza a fim de absorver
tudo mas , no entanto, que cristões! Sim, eles são se alguém
quiser crer nisso.
Seguindo
esta linha teológica, GRAHAM também faz menção ao pensamento
social e econômico de Calvino em seu contexto histórico deste modo
se
algum tema no pensamento social e econômico de Calvino este é que a
riqueza vem de Deus com o propósito de que se use para ajudar nosso
irmãos. A solidariedade da comunidade humana é tal que é
inaceitável que uns tenham abundância e outros estejam em
necessidade.
A
base que para esse compartilhamento não é outra senão a mordomia
da criação, como vocação que Deus deu ao ser humano.
Thomas
Gouge nascera em Middlesex, próximo a Straford, Inglaterra em 1606,
no mesmo ano em que a famosa “Conspiração da Pólvora” contra o
trono de Jaime I contra os membros do Parlamento, em sua maioria
puritanos tomou lugar. Era uma era de dogmas e dúvidas, mas Gouge
pregava brilhantemente com fidelidade a Palavra de Deus, simplicidade
no estilo de vida e cuidado especial pelos pobres.
Em seu livro “Riches
increased by giving or The Rich use of Mamon: being the surest and
the safest way of thrinving” -
Titulo traduzido por Padilla: 'Riquezas acrescentadas pelo dar ou o
uso correto de mamom: a maneira mais certa e segura de prosperar'.
Esta sua presente edição é precedida pela citação do notável
William Wilberforce (1759-1833), parlamentar inglês com vocação
pastoral que lutou contra a escravidão em seu tempo e teve êxito em
suas atribuições:
Mas
creiam em mim, há uma benção especial em ser liberal (generoso)
com os pobres e na família que tem sido , e não duvido que isto
será melhor para os meus filhos, inclusive neste mundo, no que diz
respeito há uma felicidade real, do que se estivesse economizando
20.000 ou 30.000 libras esterlinas.
Entre
estas cosmovisões cristãs, podemos, portanto, afirmar que o Reino
de Deus e o mundo criado não suportam a ganância da exploração.
Quanto a passagem do evangelho em que o jovem rico é confrontado em
sua ética e em sua fé em Jesus, o jovem se entristece e chama a
atenção de Jesus após cair seu semblante: ”Vendo-o entristecido,
Jesus disse: " Como é difícil aos ricos entrar no Reino de
Deus!” (Lucas
18.24).
Porém
a declaração de Jesus diz ser difícil, contanto, não impossivel.
Conclui-se assim que, a mudança de mentalidade dos ricos com relação
aos seus bens e a seu próprio ser, podem sim sofrerem transformações
ao se encontrarem com o poder do Espírito de Deus. Neste encontro, o
Espírito muda a lógica e mostra que realmente somos, apesar
daquilo que possuímos. Deus define quem somos. Portanto, nossas
posses não podem definir que somos. Pessoas que agem como se
definidas pelo que possuem, podem apresentar diversos níveis de
crises de identidade pois dificultam o agir do Espírito da Verdade,
que traz à tona a essência do ser. E ainda, tudo que possuímos é
Dele.
E
então Jesus, de maneira rica, expõe que mesmo que seja impossível,
por motivos físicos, um camelo passar pelo buraco da agulha- como
relato de sua fala na passagem supracitada- Ele define sua linha de
ensinamento declarando: “ Mas o que é impossvel para o homem é
possível para Deus” (Mateus 19:24-26). Para Jesus, é possível
que, pelo poder Soberano de Deus, o rico possa desfrutar do Reino de
Deus. Pelo arrependimento, pela humildade, pelo “se fazer como
criança” (Marcos 10.15), pelo compartilhar com os menos
favorecidos, pelo modo de vida mais simples que não oprima a
natureza e o mundo criado mas que a valorize em todos os âmbitos, e
assim, o rico também pode descobrir que a vida em comunhão (1
Corintios 1.9) é muito mais prazerosa aos olhos de Deus.(1 João
1.3)
Zabatiero
também entende a importância deste equilíbrio entre o seres
humanos e sua responsabilidade sobre o mundo criado dada por Deus:
“Além
desta razões, refletir sobre o mundo criado no sentido teológico é
fundamental para nos ajudar a viver melhor e de forma
harmoniosa
com a natureza toda, desfrutando adequadamente daquilo que pertence a
Deus. a criação toda daquela somos mordomos (Gn 1 e 2) ”.
Azevedo
inclui a práxis eclesiástica como forma de liberdade cristã
transformadora deste modo de ser no mundo criado, por isso ele afirma
que
a
presença da Igreja, no mundo, como continuação do ministério de
Jesus Cristo, firma-se práxis e anúncio do Reino de Deus que
carrega em si o chamado a liberdade quem responde a vocação da
graça. Livra-se da escravidão do pecado, das forças meritórias de
qualquer religiosidade da opressão do diabo, de si mesmo, e abre-se
à nova vida, ofertada pelo único capaz de promover tal libertação-
a experiência com o Cristo de Nazaré. Ou seja, não existe salvação
sem a experiência da liberdade.
A
igreja então tem o poder transformador de declarar o Reino de Deus
em seu modo de ser protetos da natureza e das ambições que oprimem
o seres humanos e os seres vivos em sua totalidade universal. “Pois
o Reino de Deus não consiste de palavras, mas de poder”. (1
Coríntios 4:20)
3.2
O progresso em harmonia com a Natureza
Os
excessos do consumismo orientados por somente ouvir-se o mercado
ocorrem em diversos âmbitos da atividades industriais com vista no
super
lucro. E, na ênfase de fomentar mercadológicamene o consumismo
exagerado como forma de alcançar este lucro a todo custo. E, essa
condição facilita a opressão ecológica. Como primeiro passo para
mudar esta condição, Moltmamm apresenta este discurso :
Nós
precisamos desenvolver uma nova forma de compreender a natureza, bem
como uma nova concepção de ser humano para que, assim, possa surgir
uma nova forma de experimentar Deus em nossa cultura. Neste sentido,
uma nova teologia ecológica pode nos ajudar imensamente.
No
Brasil, as atividades agrárias sobretudo nas regiões Centro-Oeste e
parte da Sudeste têm se intensificado as monoculturas onde é
privilegiado o grande latifundiário. Grandes áreas produtivas são
usadas em forma de pastos, outras para cultura da cana-de-açúcar
para produção de combustível onde há muito tempo se sabe,
empobrece o solo e dificulta que os pequenos agricultores cultivem
lavouras e criações diversas e possam otimizar a entrega do fruto
de seu trabalho à sociedade um produto muito melhor, livre de
agrotóxicos e transgênicos através da excelente ideia das
cooperativas. O assentamento legal, com apoio dos governos, dos
militantes do Movimento dos Sem–Terra para que pudessem
desenvolver seu trabalho de forma digna, seria uma justa solução
que amenizaria o problema da falta de renda de muitas famílias,
diminuiria o êxodo rural melhorando a mobilidade das grandes cidades
e trazendo mais recursos econômicos nas mãos da população destas
localidades, onde entendemos que isto trará novas formas de
arrecadação dos governos, que se aplicados com sabedoria, podem
trazer desenvolvimento sustentável sobretudo para este país,
chamado Brasil.
Nas
grandes cidades, a separação dos lixos recicláveis também
ajudaria a aumentar o grau de salubridade das pessoas que vivem em
grandes cidades. A vida mais simples traria também novas
perspectivas sobre como diminuir o desperdício de comida nos
supermercados, restaurantes e padarias. Sabe-se que pessoas têm
tomados atitudes individuais que reduzem este desperdício, mas
atitudes coordenadas pelos governos ou instituições religiosas
conscientes podem produzir ainda mais riquezas diante destas e
outras atitudes suntentáveis.
Atitudes
como o simples compartilhamento do carro ou moto pode gerar uma
grande economia a todos, em combustível, em estacionamentos, em
tempo de percurso até que nossos governos possam investir em
transportes públicos de qualidade, dignos e seguros. Nesta linha,
trens urbanos, além de usar energia livre de emissão de gases
tóxicos em alta quantidade, e de não causar mais trânsito em ruas
onde estes são intensos, normalmente são rápidos, seguros,
confortáveis e em número suficiente para que não se faça mais
sentido ir ao trabalho ou escola em automóveis, além de favorecer
também aqueles que não os possuemde forma que haja mais justiça
social neste relação. Deste modo o carro seria usado apenas pra
fazer compras e viajar. Imaginem, se na cidade de São Paulo, 30% dos
motoristas tivessem esta atitude, seria aproximadamente 2,5 milhões
de carros à menos nas vias otimizando o trânsito e,
consequentemente, o tempo de todos.
Levando em conta que muitas pessoas perdem muitas horas no trânsito
de São Paulo, a otimização deste tempo de percurso traria além
de benefícios econômicos para todos na cidade, pois as pessoas
chegariam nos horários corretos às reuniões, trabalhos, escolas
entre outros compromissos, de modo que, consequentemente diminuiria
o stress e aumentaria a disposição física das pessoas em
geral. E ainda melhoraria a qualidade do ar que respiramos.
E
porque não também, houvessem novas leis que permitisse a
implantação de vias acessíveis a cavalos e similares se alguém
assim optar por seu uso não abusivo como transporte
alternativo? Com uma bela legislação que defenda esses animais de
violência e qualquer forma de abusos sem dúvidas. De fato, temos
privilegiados as invenções do homem em detrimento daquilo que Deus
criou e que deveria, mesmo em áreas chamadas urbanas, terem o seu
lugar. Afinal, quem afirma que em áreas urbanas o privilégio maior
deveria ser dos veículos automotores movidos a combustível fóssil?
Na verdade, bem sabemos que o mercado, esta entidade que tem permeado
as relações dos nosso tempos, está sendo ouvida e obedecida por
muitos neste mundo corrompido, chegou a hora- ou já extrapolamos
esta- de que precisamos ouvir a voz de Deus e agir conforme este
Espírito Sustentador nos diz pra fazer.
Se
a nossa cultura, especialmente a brasileira, não se importa com o
mundo criado a ponto de ir de encontro com a cultua deste povo,
Freston debate a assunto desta maneira:
Precisamos
ser contraculturais na Igreja, não apenas na sociedade. Por isso,
precisamos de equivalentes evangélicos de monasticismo, que
preservem a fé contracultural, que valorizem o pequeno e busquem uma
vida cristã mais séria e abnegada.(...).
Pois,
para a grande maioria dos evangélicos brasileiros, a prosperidade
muitas vezes está relacionada com apenas uma dimensão: a econômica.
Esta supervaloriza a obtenção de bens com forma de estar debaixo
das bençãos do Senhor. Para Freston, uma vida com um pouco mais de
simplicidade, um pouco mais de partilha, se apresenta como sendo mais
próxima dos ideais cristãos, e que não levam de modo algum as
pessoas à pobreza, mais sim, para uma chamada prosperidade que
atinja toda a coletividade. E, que seria um enorme bem social. Como
também do modo como esta esta economia- simples e avançada ao mesmo
tempo- traria prosperidade a todos e estaria alinhada com o bem-estar
social, ecológico e espiritual segundo valores do Reino de Deus.
3.2
A arte humana em harmonia com a natureza criada por Deus
Muitas
vezes conseguimos transformar uma obra prima de Deus em algo que
seria chamada de nossa arte, ou também, arte humana.
Quais as implicações das intervenções artísticas da humanidade e
qual a relação desta com missão integral neste contexto de
sustentabilidade?
Relatos
bíblicos em Genesis 1 nos diz: Somos semelhantes ao Deus Criador. E
Deus também nos dá oportunidade de criarmos artisticamente, que não
é necessariamente criar, mas transformar criativamente o que já
fora dado por Deus, pois o mandamento de Deus não é contra a
produção da arte em si, Segundo Francis A. Scheaffer: ”Mas contra
a adoração a qualquer coisa além de Deus, e, especificamente,
contra a adoração à arte. Adorar a arte é um erro; produzi-la
não.”.
Essas
idéias surgem tanto na Bíblia quanto na defesa do teólogo
Scheaffer, de que muitas vezes Deus ordenara que se produzisse obras
de arte, tanto na confecção da Arca da Aliança, quanto nas vestes
do sacerdote (Levítico 16.32), ou na construção do tabernáculo
(Êxodo 36.8-38), do templo, na música, entre outros exemplos
bíblicos. O que o povo deveria fazer é nunca tomar estas formas de
expressão artísticas como ídolos. Pois só Deus é digno de
adoração.
Desta
maneira, doutrinas baseadas na Bíblia nos permitem criar
artisticamente e até mesmo em nome de sua expressão religiosa,
porém, deve-se levar em conta que, até que ponto, uma intervenção
humana na natureza pode ser maligna ou benigna. Creio que a melhor
maneira seria estar atento a voz do Espírito Santo. Desta
maneira René Padilla nos exorta que: “Sem oração não há
missão cristã”.
Também nos ensina que ”em síntese a missão cristã começa e
termina em Deus”.
Assim a criação artística da humanidade deve ter a direção de
Deus, de preferência, baseada nas reflexões que brotam das orações
a Deus.
Criar
é um termo sem dúvidas abrangente, então, vamos especificar a
criação artística no âmbito do meio-ambiente.
Criar
artísticamente, pode ser também: a construção de casas, fábricas,
ruas, prédios ou quaisquer outras formas de intervenção humana no
meio ambiente que não agredisse a harmonia do mundo criado por
Deus, especialmente sua fauna e flora. Assim foi escrito por
Montaigne: ”Não há razão para que a arte sobrepuje em suas obras
a natureza, nossa grande e poderosa 'mãe'. Sobrecarregamos de tal
modo a beleza e riqueza de seus produtos com nossas invenções”.
A
nossa arte criativa, especialmente a arte ambiental, deve levar em
conta os fatores de proteção aos animais, aos seres humanos, e
respeito a criação divina. Ou seja, estar em harmonia com todos
esses fatores tornam a arte humana, o progresso, algo bom e que eleva
o nível de desenvolvimento humano de uma localidade.
Em
algumas metrópoles surgiram uma fora de trato as plantas onde estas
são dispostas em terraços de prédios, varanda e telhados, o que
faz desta iniciativa uma bela alternativa para fomentar a vivência
de pássaros e outros pequenos seres que ajudam a manter o equilibrio
do habitat urbano, além de trazer beleza estética ao
projetos arquitetônicos urbanos, trazem benefícios de regular a
temperatura urbana e estabilizar a umidade relativa do ar trazendo
diversos benefícios à saúde.
Também,
nesta mesma categoria de soluções urbanas, surgiram- talvez antes,
porém, neste contexto midiático de nossa corrente era, ficaram
consagrados neste séc. XXI- os jardins e as hortas verticais. Os
jardins têm sido usado em projetos para serem usados em paredes
internas e externas em casas, apartamentos, restaurantes, museus,
oficinas, escolas. Os benefícios são os mesmo supracitados no caso
do jardins elevados além da economia com tinta usada como adorno
para paredes.
Em
Israel fora desenvolvida, neste séc. XXI, um novo sistema de
irrigação em que a água que seria lançada fora é aproveitada de
forma a irrigar uma lavoura num lugar outrora desértico e estéril.
Este sistema de irrigação por gotejamentos mudou a paisagem da
região se transformando num lugar próspero na produção de
alimentos e melhoria da economia local. Portanto, podemos perceber
que as tecnologias podem ser usadas em benefício sustentável do
planeta. O modo correto de se usar esta tecnologias podem ser
alcançados por ouvir-se a voz do Espírito de Deus para sermos
inspirados em soluções artísticas e criativas que valorizem a
vida.
3.3
Um papel de Cuidado
Uma
má influência artístico-criativa no meio ambiente pode
trazer efeitos sociais curiosos. Enquanto, em contrapartida buscamos
uma boa influência artístico-criativa desta. Urge então, um
trabalho que começa com o engajamento espiritual, pregação da
palavra de acordo com valores cristãos e com conscientização, onde
podemos paulatinamente realizar esta reforma social e resgatar estes
valores de verdadeiro relacionamento com Deus. Entre as pessoas e a
criação divina. Talvez, egundo ideais da teologia de missão
integral e da teologia da libertação, já que o termo
sustentabilidade também sugere interação entre pessoas e
as coisas criadas, e, nesta interação não se pode se haver
exploração, sobretudo dos mais necessitados. Nem dos
animais, das plantas e do planeta em si. Pelo contrário, deve-se
haver um esforço de se incluir socialmente estes para que a
sociedade melhorar em sua justiça.
Deste
modo, Padilla cita a 'economia do suficiente'
onde
é privilegiada o estilo de vida simples e dá descanso porque
coloca a relação com Deus, com o próximo e com a criação acima
do interesses materiais. É uma economia que nas palavras de E.F.
Schumacher, leva em conta que “as pessoas importam”;
é uma economia que insiste nas necessidades básicas de TODOS os
membros da sociedade, sem exceção, e exclui a acumulação de
posses materiais em mãos de uma minoria privilegiada.
Uma
economia voltada para o bem estar de todos também trará e economia
para os mais ricos que serão beneficiados por um melhor lugar para
se viver com pouca poluição onde se aumentará a qualidade de vida
e consequentemente à saúde de todos. Assim, pode-se dizer que a
sociedade, as igrejas as mulheres e os homens públicos, e que buscam
o bem estar da sociedade, estão a caminho do chamado cuidado.
O
cuidar é uma das maiores atribuições pastorais. O pastor cuida das
ovelhas uma a uma, do rebanho como um todo, e o rebanho também
participa do cuidado mútuo. Porém, o que se busca é um cuidado
integral e planetário que refletirá, sobremaneira e de forma
contracultural, em muitos lugares urbanos, metropolitanos e no campo.
Cuidado este que nos aproximará de uma forma de comunhão que
reflita também a percepção e a sensibilidade nossa para com a
revelação de Deus no mundo natural, além da revelação segundo os
relatos bíblicos.
Ainda,
segundo o teólogo Zabatiero e sua sistemática, vivemos numa
comunhão ecológica com Deus, com os irmãos, e com toda a Sua
criação, através de seu Espírito Santo.
Portanto, o cuidado está relacionado intrínsecamente a esta
comunhão.
Além
do mais, como uma pequena referência aos bebês intrauterinos, que
já receberam à vida e estão num ambiente deveras especial do mundo
criado. Devem ser muito bem preservados e cuidados, nunca abortados
por ação humana. E, ainda, segundo o teólogo Luiz Sayão: “A
vantagem teológica é de quem é mais parecido com o nenê: 'Naquela
ocasião Jesus disse: Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra,
porque escondestes estas coisas dos sábios e cultos, e as revelastes
aos pequeninos. Sim Pai, assim foi de Teu agrado’”.
Ora,
nem nasceram ainda e será que não vão conhecer as maravilhas da
criação de Deus ao menos próximo de sua natural originalidade?
Percebe-se o quanto crianças sentem pesar quando vêem bichos
perdidos e abandonados nas ruas em espaços urbanos? Normalmente as
crianças têm um poder acima da média em convencer os pais a
adotarem bichinhos abandonados. Estes pequeninos que ainda não
nasceram mas já estão inseridos na chamada comunhão ecológica
trinitária aberta. Trata-se da forma de relacionamento espiritual
vertical com Deus e horizontal com os outros e com os
seres.
Por
este motivo; harmonia, felicidade, bem-estar e proteção à criação,
e a não exploração destas podem ser fortes indícios de
intimidade, comunhão e harmonia com Deus. Esta proteção ao mundo
criado estende-se desde a natureza em sua forma geral, quanto, no
âmbito dos ser humano: na proteção e luta pela dignidade das
crianças, idosos, mulheres e do povo oprimido. Opressão esta que
vem de muitas formas. Como por violência física sofrida pelas
mulheres. Ou por meio de crianças que são exploradas em trabalhos
ilegais. Por idosos explorados e por vezes, abandonados. Por
sociedades onde não se respeitam os mínimos direitos humanos. Pela
pobreza causada pela ganância dos poderosos, e pela ganância
daqueles que não são poderosos, mas igualmente corrompidos pela
adoração a Mamon.
Porém,
a adoração ao Deus verdadeiro, em Jesus, pode e deve trazer uma
nova perspectiva de vida e cuidado, de modo a proclamar o bem-viver.
O Bem viver, neste texto, trata da satisfação humana em
estar próximo, e, em harmonia, com o mundo criado. Não sendo esta
uma ideia evolucionista, que remete o homem aos arquétipos de sua
naturalidade, mas, sobretudo, a ideia do propósito original do Deus
Criador em posicionar o ser humano em ambiente paradisíaco, adequado
para o bem-viver e feliz.
CONCLUSÃO
A
reflexão teológica e cristã ao longo das suas eras, especialmente
em períodos de crises como: guerras, divisões familiares, violência
urbana, carência de alimentos, tem dado respostas muitas vezes, bem
à
frente
de seu tempo
à
muitos destes problemas.
Através
desta pesquisa, percebemos a urgência em assumirmos nossa
responsabilidade neste mundo criado. E que, junto a estes ideais de
cuidado planetário, bom que estamos ouvindo muitas vozes no ramo da
teologia, como também em outros ambientes do saber humano.
Sim,
como parte dele, do mundo criado, e ser parte dele não significa que
temos igual responsabilidade sobre tudo que acontece com ele, do
mesmo modo que os outros seres viventes que nele habitam. Os outros
seres não têm a capacidade destrutiva dos seres humanos. O
desequilíbrio ambiental e moral que mata cãezinhos nas estradas
atropelados e animais marinhos em seu habitat não podem ser
controlados por esses animaizinhos que fazem parte do mundo criado,
senão pelo ser humano.
Então,
consciente de que nós, os humanos, estamos em privilégio pois temos
a capacidade mental de encontrar soluções, e estilos de vida, que
beneficiem os oprimidos neste mundo criado, que assumamos nossa parte
conforme Deus nos deixou responsáveis. Porque Ele tudo criou e
disse: “É bom”.
Podemos
ser criativos e transformar muitas vidas em nome da ética de Jesus
Cristo ainda no mundo, pois o Reino de Deus já está. Pois, além da
questão de intervenções sobrenaturais da fé cristã, também
somos chamados a agir benéficamente no mundo natural onde devemos
ser éticos e pensar se esta nossas atitudes criativas podem afrontar
de algum modo a criação de Deus por serem, por exemplo, demais
consumistas, egoístas e destrutivas.
Ora,
se pelo simples fato de intervirmos excessivamente no meio ambiente
trazendo stress e infelicidade para as pessoas que ali vivem, já
pode ser uma afronta à criação de Deus. De fato, matar e deixar
morrer os cãezinhos atropelados nas vias públicas e os pássaros
serem extintos próximos a locais onde se há grandes concentrações
de humanos em centros urbanos não está próximo do respeito que
deveríamos ter por este sistema planetário no qual estamo todos
conectados de algum modo.
De
certa forma, o que acontece por mera ação humana, consciente ou
inconsciente, é que se aniquilam muitos habitats tornando-os
pouco produtivos para que as obras e a arte de Deus possam viver
neles. Como podemos nos esquecer que a criação de Deus está,
biblicamente, sob nossa responsabilidade? Não podemos esquecer e nem
tampouco sermos passivos diante desta situação que pode trazer
infelicidade para nossos filhos, netos familiares, amigos, nós
mesmos e a Deus.
A
exploração excessiva de recursos naturais, as superproduções de
lixo e a falta de programas de proteção ao ambiente e aos animais
trazem muitas dores ao nosso ecosssistema.
Normalmente,
a história contemporânea tem demonstrado que na falta de recursos,
sejam eles quais forem, sempre atingem os mais carentes. Quem sente
os efeitos de forma mais cruel em contundente são os mais pobres.
Sendo assim a falta de cuidado com a natureza também pode ser um
instrumento de opressão aos mais necessitados, que irão, ou já
estão, sentindo efeitos da má mordomia humana com relação
aos recursos, enquanto, por outro lado, surgem atitudes de alguns
humanos que minimizam ou revertem este quadro trazendo enormes
benefícios à vida dos mais carentes, dos mais ricos, de toda
população, pois entenderam que o conceito de mordomia com o mundo
criado por Deus trouxe sustentabilidade, aumentando assim a
qualidade de vida de todos, incluindo os pobres. Devemos
valorizar muito toda criação de Deus, ainda que almejamos morar no
céu como meta, anseio de nossa fé.
A
idéia da teologia de missão integral também envolve também
justiça à todos, em consonância com atitudes que reflitam o
cuidado da população, desenvolvida a partir da conscientização
dentro das Igrejas, de forma que contribua também para conscientizar
todos na sociedade. Sejam os mais carentes, sejam os mais ricos,
sejam mulheres, homens de diversos povos e raças, membros do poder
público, sejam os Ministério Público brasileiro- como também de
outras nações- como forma de fiscalizar abusos. Sejam os líderes
mundiais. Todos estão conectados e todos devem fazer parte da
solução com uma atitude simples: amar o mundo criado por Deus para
que todos os que nele estão, e os que virão após nossa geração,
e que merecem além da vida, um lar tão puro, justo e agradável
assim como o Pai Celeste nos destes. Ecclesia Reformata et
semper reformanda est
REFERÊNCIAS
BACON,
Francis. Novum Organum ou verdadeiras indicações acerca da
interpretação da natureza; Nova Atlântida. São Paulo: Nova
Cultural. 1988.
BETA,Veja.com.
Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/cientistas-divulgam-lista-das-100-especies-mais-ameacadas-de-extincao>.
Acesso em: 13 abr. 2015.
TERRA.
Disponível em:< https://goo.gl/Z4jFfS >
Acesso em: 13 abr. 2015.
TILLICH,
Paul. Teologia da cultura. São Paulo: Fonte Editorial, 2009.